AULA 01 (100 minutos) – Introdução ao tema e contextualização de conceitos
1. Dinâmica inicial (25 min): Exposição sobre o contexto do período entre-guerras, elucidando a situação do continente europeu na década de 1920.
Derrotada no conflito e submetida ao Tratado de Versalhes (1919), a nação germânica enfrentou uma combinação devastadora de humilhação internacional, crise econômica, instabilidade política e fraturas sociais profundas. Neste cenário emerge a República de Weimar, um regime democrático progressista e efêmero que, apesar de suas inovações culturais e políticas, foi marcado por sucessivas crises, hiperinflação, polarização ideológica e falta de legitimidade popular.
A fragilidade da República de Weimar abriu espaço para a ascensão de discursos radicais que prometiam restaurar a ordem, o orgulho nacional e a prosperidade. É nesse ambiente de insegurança e ressentimento que se fortalece o Partido Nazista e a figura de Adolf Hitler, oferecendo à população alemã uma narrativa de redenção através do autoritarismo, da exclusão de inimigos internos e do culto à pureza racial. A análise desse período permite compreender como o totalitarismo nazista não surge de forma abrupta, mas como resposta a uma série de condições históricas específicas e progressivamente deterioradas.
Projeção de imagens no projetor:
- Fotografias mostrando a situação de trabalhadores na Alemanha durante a República de Weimar.
- Mapas da Alemanha, comparando-a no contexto do II Reich; durante a Primeira Guerra e após o Tratado de Versalhes.
- Posters da propaganda nazista no período dos anos 1920
2. Exposição sobre Totalitarismo (25 min): desenvolver as bases do conceito e suas principais características
Com base nessa trajetória, será introduzido o conceito de totalitarismo, entendido como uma forma extrema de dominação política, na qual o Estado busca controlar todos os aspectos da vida pública e privada. Serão exploradas as principais características desse modelo — como o partido único, o líder carismático, a propaganda ideológica, o uso sistemático da violência e a negação das liberdades civis —, preparando o terreno para, nos encontros seguintes, analisar como essas características se manifestaram de forma peculiar no nazismo, inclusive por meio da manipulação estética, tema central do documentário que será trabalhado posteriormente.
Projeção de mapa mental no projetor.
AULA 02 (100 minutos) – Exposição do filme
Nesta aula, teremos a exibição do filme para apreciação coletiva da turma
AULA 03 (100 minutos) – Análise de trechos do filme
Timecode 01: (19:40 a 27:28)
Neste trecho vemos o projeto biológico do partido, construindo a visão eugênica de mundo que embasa a dita ciência médica nazista. A partir de concepções derivadas do Darwinismo Social, o partido nazi planeja o extermínio de comunidades consideradas inferiores por seus atributos físicos. Há aqui uma exaltação da “perfeição” ariana e a tentativa da construção de um ideal correto de beleza.
TEMA PARA O TRECHO
"O discurso científico do nazismo e seu projeto de poder"
O regime totalitário nazista mobilizou ideias pseudocientíficas sobre pureza racial, degeneração genética e hierarquias entre grupos humanos como instrumentos de Estado, integrando essas ideias ao discurso oficial, às leis e à propaganda. Ao naturalizar a eliminação do “outro” como uma medida de “higiene social”, o nazismo transformou a violência em um suposto dever científico em nome da civilização e da estética idealizada. Essa manipulação do saber científico revela não apenas o poder simbólico do conhecimento institucionalizado, mas também os perigos de sua instrumentalização política — tema fundamental para estimular nos estudantes uma postura crítica diante de discursos de autoridade científica que negam a ética, a pluralidade e os direitos humanos.
Análise do trecho: (25 minutos)
? Realizar uma breve pesquisa sobre o conceito de “Darwinismo Social” e “Eugenia”
? Identificar o que foram as Leis de Nuremberg
? Refletir sobre os possíveis impactos do filme citado no trecho
? Compreender os impactos desse discurso médico nazista nos dias atuais
? Perceber o papel da arte na construção do ideal de beleza no mundo contemporâneo
Timecode 02: (54:42 a 1:00:28)
Este trecho apresenta a concepção artística do III Reich a partir da sua idealização arquitetônica de Berlim. O partido nazi estabelece um resgate romântico da estética greco-romana, incentivando sua reativação filosófica nos tempos contemporâneos. Ao preservar Atenas em 1941, Hitler revela sua admiração pelas sociedades antigas e como o projeto nazista sonhava e reativá-las.
TEMA PARA O TRECHO
“O classicismo nazista e sua filosofia de poder nostálgica”
Este trecho ajuda muito a compreender a romantização do passado, traço fundamental dos regimes ditatoriais totalitários como um todo: elege-se um período como a “era de ouro” da nação e busca de todas as formas o resgate de seu modo de vida, sua estática e suas bases filosóficas. Por vezes o nazismo enxerga na Antiguidade Clássica europeia e também na Europa Feudal o seu grande centro de referência moral. Interessante perceber como tal elemento também aparece em outros regimes como no fascismo italiano que via na Roma Antiga o seu ápice civilizatório ou mesmo no salazarismo português que enxergava nas Grandes Navegações o auge do Império Luso.
Análise do trecho: (25 minutos)
? Pesquisar sobre o tema “arianismo” e sua relação com a arte nazista
? Compreender as relações entre a sociedade espartana na Grécia e o ideal de sociedade nazista na Alemanha
? Refletir sobre o romantismo como a estética artística do nazismo e suas apropriações pelo regime
Timecode 03: (1:07:08 a 1:11:20)
Neste trecho é possível perceber as estratégias de guerra total do nazismo e sua ambição territorial a partir de um modelo de guerra que remete ao colonialismo. Sabe-se que no curso da Segunda Guerra Mundial, o projeto nazista se ocupou da tese do Espaço Vital que justificava seu expansionismo em grande medida sobre a Europa Central e, a partir de 1941, também sobre o leste europeu.
TEMA PARA O TRECHO
"O expansionismo totalitário"
O expansionismo geográfico está na gênese do totalitarismo como fenômeno autoritário. Tal expansionismo territorial do regime nazista deve ser compreendido não apenas como uma estratégia militar, mas como parte integrante de um projeto ideológico de reorganização racial e geopolítica do mundo. Inspirado em práticas coloniais europeias, o nazismo propôs a noção de Lebensraum (“espaço vital”), que defendia a necessidade de conquistar territórios no Leste europeu para garantir a sobrevivência e o crescimento da "raça ariana". Essa doutrina justificava a expulsão, escravização e extermínio de povos considerados inferiores, associando a guerra de conquista à purificação étnica. A estratégia militar da blitzkrieg (“guerra-relâmpago”) foi o instrumento técnico dessa expansão: ataques rápidos e devastadores que evitavam guerras prolongadas, permitindo a dominação de territórios com eficiência brutal.
Análise do trecho: (25 minutos)
? Debater com os alunos a ideia de “guerra colonial” mencionada no trecho
? Desenvolver o conceito de “blitzkrieg” para a pensar o modelo de guerra nazista
? Identificar a ideia de Espaço Vital alemão no projeto nazi
? Compreender a necessidade de expansão territorial como um projeto filosófico do regime totalitário
AULA 04 (50 minutos)
- Análise de questões do ENEM sobre o tema abordado
Neste encontro os alunos deverão analisar questões do ENEM que abordam os temas discutidos no filme “Arquitetura da Destruição”, utilizando os conhecimentos e debates das duas aulas anteriores como subsídio para resolver as questões e também analisando suas fontes.
A questões e os respectivos momentos do filme que se relacionam a cada uma, estão relacionadas ao fim desse plano de aula.
CONCLUSÃO
A presente sequência didática tem como objetivo proporcionar aos estudantes uma compreensão crítica, contextualizada e interligada do fenômeno do totalitarismo a partir do documentário Arquitetura da Destruição, permitindo que os estudantes compreendam o nazismo para além das estruturas políticas e militares, alcançando suas dimensões simbólicas, estéticas e ideológicas. Ao revelar como a arte, a ciência e o discurso da ordem foram instrumentalizados para justificar o extermínio e consolidar o poder, o filme oferece uma chave crítica para interpretar os mecanismos de dominação que marcaram o século XX — e que ainda encontram ressonância em discursos contemporâneos.
Essa abordagem amplia o entendimento sobre o totalitarismo ao evidenciar que ele não se constrói apenas pela repressão explícita, mas também pela sedução das imagens, pelo culto à beleza idealizada e pela manipulação de valores culturais. Ao final do percurso, espera-se que os alunos não apenas dominem os conceitos e contextos históricos, mas também desenvolvam uma leitura crítica das representações de poder, fortalecendo sua cidadania e sua capacidade de reconhecer os perigos da intolerância, do autoritarismo e da banalização do mal.