Plano de Aula

AUTORITARISMO E DITADURAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Série Parte 1 | Documentário | De Peter Cohen | 1989 | 40 min |
26/06/2025
Ensino Médio
Ciências Humanas, História
Luisa Müller | Equipe CurtaENEM
Acesse a ficha do filme



JUSTIFICATIVA PEDAGÓGICA


O estudo das ditaduras e dos regimes autoritários no mundo contemporâneo exige, mais do que a análise de fatos históricos, uma imersão crítica nas formas como o poder se manifesta, se mantém e impacta a vida das populações. O século XX foi profundamente marcado pela ascensão de regimes autoritários que, em diferentes partes do mundo, se estruturaram com base na supressão das liberdades individuais, na censura, no culto à personalidade, na perseguição a opositores e na centralização extrema do poder. Do nazismo na Alemanha ao franquismo na Espanha, das ditaduras militares latino-americanas aos regimes nacionalistas e populistas europeus, a diversidade de formas autoritárias revela não apenas as múltiplas faces do poder, mas também os mecanismos universais de repressão, manipulação e violência institucionalizados pelo Estado.


EIXO TEMÁTICO


Período Entre-Guerras; Cultura, Memória e Sociedade


TEMA


Nazismo, Segunda Guerra Mundial, Ideologias Políticas, Cultura de Massa, Totalitarismo.


 



EM13CHS101 - Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
EM13CHS102 - Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
EM13CHS103 - Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
EM13CHS104 - Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores, crenças e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
EM13CHS105 - Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/ natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
EM13CHS201 - Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos continentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
EM13CHS202 - Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
EM13CHS204 - Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialidades e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
EM13CHS503 - Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.

Você é Educador?
Crie o primeiro teste de conhecimentos para este filme!

Criar Teste


Desenvolver uma sequência didática para alunos do 3º ano do Ensino Médio sobre totalitarismo. O trabalho com as experiências autoritárias e ditatoriais no século XX tem como objetivos:



?     Analisar criticamente os mecanismos de poder e repressão utilizados por regimes autoritários em diferentes contextos históricos.



?  Refletir sobre os impactos da repressão institucional na sociedade contemporânea



?   Promover o desenvolvimento da empatia histórica e da consciência cidadã, estimulando o pensamento crítico e a valorização dos direitos humanos.



?     Refletir sobre o papel da arte, da mídia e da cultura em geral como formas tanto de resistência e denúncias ao autoritarismo mas também como formas de defesa desses sistemas de opressão.



?  Relacionar esses conceitos com questões do ENEM, desenvolvendo leitura crítica e argumentação fundamentada.



AULA 01 (100 minutos) – Introdução ao tema e contextualização de conceitos



1. Dinâmica inicial (25 min): Exposição sobre o contexto do período entre-guerras, elucidando a situação do continente europeu na década de 1920.



Derrotada no conflito e submetida ao Tratado de Versalhes (1919), a nação germânica enfrentou uma combinação devastadora de humilhação internacional, crise econômica, instabilidade política e fraturas sociais profundas. Neste cenário emerge a República de Weimar, um regime democrático progressista e efêmero que, apesar de suas inovações culturais e políticas, foi marcado por sucessivas crises, hiperinflação, polarização ideológica e falta de legitimidade popular.



A fragilidade da República de Weimar abriu espaço para a ascensão de discursos radicais que prometiam restaurar a ordem, o orgulho nacional e a prosperidade. É nesse ambiente de insegurança e ressentimento que se fortalece o Partido Nazista e a figura de Adolf Hitler, oferecendo à população alemã uma narrativa de redenção através do autoritarismo, da exclusão de inimigos internos e do culto à pureza racial. A análise desse período permite compreender como o totalitarismo nazista não surge de forma abrupta, mas como resposta a uma série de condições históricas específicas e progressivamente deterioradas.



Projeção de imagens no projetor:




  • Fotografias mostrando a situação de trabalhadores na Alemanha durante a República de Weimar.

  • Mapas da Alemanha, comparando-a no contexto do II Reich; durante a Primeira Guerra e após o Tratado de Versalhes.

  • Posters da propaganda nazista no período dos anos 1920



 



2.    Exposição sobre Totalitarismo (25 min): desenvolver as bases do conceito e suas principais características



Com base nessa trajetória, será introduzido o conceito de totalitarismo, entendido como uma forma extrema de dominação política, na qual o Estado busca controlar todos os aspectos da vida pública e privada. Serão exploradas as principais características desse modelo — como o partido único, o líder carismático, a propaganda ideológica, o uso sistemático da violência e a negação das liberdades civis —, preparando o terreno para, nos encontros seguintes, analisar como essas características se manifestaram de forma peculiar no nazismo, inclusive por meio da manipulação estética, tema central do documentário que será trabalhado posteriormente.



Projeção de mapa mental no projetor.



 



AULA 02 (100 minutos) – Exposição do filme



Nesta aula, teremos a exibição do filme para apreciação coletiva da turma



 



AULA 03 (100 minutos) – Análise de trechos do filme



Timecode 01: (19:40 a 27:28)



Neste trecho vemos o projeto biológico do partido, construindo a visão eugênica de mundo que embasa a dita ciência médica nazista. A partir de concepções derivadas do Darwinismo Social, o partido nazi planeja o extermínio de comunidades consideradas inferiores por seus atributos físicos. Há aqui uma exaltação da “perfeição” ariana e a tentativa da construção de um ideal correto de beleza.



TEMA PARA O TRECHO



"O discurso científico do nazismo e seu projeto de poder"



         O regime totalitário nazista mobilizou ideias pseudocientíficas sobre pureza racial, degeneração genética e hierarquias entre grupos humanos como instrumentos de Estado, integrando essas ideias ao discurso oficial, às leis e à propaganda. Ao naturalizar a eliminação do “outro” como uma medida de “higiene social”, o nazismo transformou a violência em um suposto dever científico em nome da civilização e da estética idealizada. Essa manipulação do saber científico revela não apenas o poder simbólico do conhecimento institucionalizado, mas também os perigos de sua instrumentalização política — tema fundamental para estimular nos estudantes uma postura crítica diante de discursos de autoridade científica que negam a ética, a pluralidade e os direitos humanos.



Análise do trecho: (25 minutos)



?   Realizar uma breve pesquisa sobre o conceito de “Darwinismo Social” e “Eugenia”



?   Identificar o que foram as Leis de Nuremberg



?   Refletir sobre os possíveis impactos do filme citado no trecho



?   Compreender os impactos desse discurso médico nazista nos dias atuais



?   Perceber o papel da arte na construção do ideal de beleza no mundo contemporâneo



Timecode 02: (54:42 a 1:00:28)



Este trecho apresenta a concepção artística do III Reich a partir da sua idealização arquitetônica de Berlim. O partido nazi estabelece um resgate romântico da estética greco-romana, incentivando sua reativação filosófica nos tempos contemporâneos. Ao preservar Atenas em 1941, Hitler revela sua admiração pelas sociedades antigas e como o projeto nazista sonhava e reativá-las.



TEMA PARA O TRECHO



“O classicismo nazista e sua filosofia de poder nostálgica”



         Este trecho ajuda muito a compreender a romantização do passado, traço fundamental dos regimes ditatoriais totalitários como um todo: elege-se um período como a “era de ouro” da nação e busca de todas as formas o resgate de seu modo de vida, sua estática e suas bases filosóficas. Por vezes o nazismo enxerga na Antiguidade Clássica europeia e também na Europa Feudal o seu grande centro de referência moral. Interessante perceber como tal elemento também aparece em outros regimes como no fascismo italiano que via na Roma Antiga o seu ápice civilizatório ou mesmo no salazarismo português que enxergava nas Grandes Navegações o auge do Império Luso.



Análise do trecho: (25 minutos)



?   Pesquisar sobre o tema “arianismo” e sua relação com a arte nazista



?   Compreender as relações entre a sociedade espartana na Grécia e o ideal de sociedade nazista na Alemanha



?   Refletir sobre o romantismo como a estética artística do nazismo e suas apropriações pelo regime



Timecode 03: (1:07:08 a 1:11:20)



Neste trecho é possível perceber as estratégias de guerra total do nazismo e sua ambição territorial a partir de um modelo de guerra que remete ao colonialismo. Sabe-se que no curso da Segunda Guerra Mundial, o projeto nazista se ocupou da tese do Espaço Vital que justificava seu expansionismo em grande medida sobre a Europa Central e, a partir de 1941, também sobre o leste europeu.



TEMA PARA O TRECHO



"O expansionismo totalitário"



         O expansionismo geográfico está na gênese do totalitarismo como fenômeno autoritário. Tal expansionismo territorial do regime nazista deve ser compreendido não apenas como uma estratégia militar, mas como parte integrante de um projeto ideológico de reorganização racial e geopolítica do mundo. Inspirado em práticas coloniais europeias, o nazismo propôs a noção de Lebensraum (“espaço vital”), que defendia a necessidade de conquistar territórios no Leste europeu para garantir a sobrevivência e o crescimento da "raça ariana". Essa doutrina justificava a expulsão, escravização e extermínio de povos considerados inferiores, associando a guerra de conquista à purificação étnica. A estratégia militar da blitzkrieg (“guerra-relâmpago”) foi o instrumento técnico dessa expansão: ataques rápidos e devastadores que evitavam guerras prolongadas, permitindo a dominação de territórios com eficiência brutal.



Análise do trecho: (25 minutos)



?   Debater com os alunos a ideia de “guerra colonial” mencionada no trecho



?    Desenvolver o conceito de “blitzkrieg” para a pensar o modelo de guerra nazista



?   Identificar a ideia de Espaço Vital alemão no projeto nazi



?   Compreender a necessidade de expansão territorial como um projeto filosófico do regime totalitário



AULA 04 (50 minutos)




  1. Análise de questões do ENEM sobre o tema abordado



Neste encontro os alunos deverão analisar questões do ENEM que abordam os temas discutidos no filme “Arquitetura da Destruição”, utilizando os conhecimentos e debates das duas aulas anteriores como subsídio para resolver as questões e também analisando suas fontes.



A questões e os respectivos momentos do filme que se relacionam a cada uma, estão relacionadas ao fim desse plano de aula.



 



CONCLUSÃO



A presente sequência didática tem como objetivo proporcionar aos estudantes uma compreensão crítica, contextualizada e interligada do fenômeno do totalitarismo a partir do documentário Arquitetura da Destruição, permitindo que os estudantes compreendam o nazismo para além das estruturas políticas e militares, alcançando suas dimensões simbólicas, estéticas e ideológicas. Ao revelar como a arte, a ciência e o discurso da ordem foram instrumentalizados para justificar o extermínio e consolidar o poder, o filme oferece uma chave crítica para interpretar os mecanismos de dominação que marcaram o século XX — e que ainda encontram ressonância em discursos contemporâneos.



Essa abordagem amplia o entendimento sobre o totalitarismo ao evidenciar que ele não se constrói apenas pela repressão explícita, mas também pela sedução das imagens, pelo culto à beleza idealizada e pela manipulação de valores culturais. Ao final do percurso, espera-se que os alunos não apenas dominem os conceitos e contextos históricos, mas também desenvolvam uma leitura crítica das representações de poder, fortalecendo sua cidadania e sua capacidade de reconhecer os perigos da intolerância, do autoritarismo e da banalização do mal.



 



QUESTÕES DE VESTIBULAR RELACIONADAS AO TEMA:



Minutagem: (00:19:40 – 00:27:28)



A)(Enem - 2019) Essa atmosfera de loucura e irrealidade, criada pela aparente ausência de propósitos, é a verdadeira cortina de ferro que esconde dos olhos do mundo todas as formas de campos de concentração. Vistos de fora, os campos e o que neles acontece só podem ser descritos com imagens extraterrenas, como se a vida fosse neles separada das finalidades deste mundo. Mais que o arame farpado, é a irrealidade dos detentos que ele confina que provoca uma crueldade tão incrível que termina levando à aceitação do extermínio como solução perfeitamente normal.



 



ARENDT, H. Origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (adaptado).



 



A partir da análise da autora, no encontro das temporalidades históricas, evidencia-se uma crítica à naturalização do(a):



 



a) ideário nacional, que legitima as desigualdades sociais.



b) alienação ideológica, que justifica as ações individuais.



c) cosmologia religiosa, que sustenta as tradições hierárquicas.



d) segregação humana, que fundamenta os projetos biopolíticos.



e)    enquadramento cultural, que favorece os comportamentos punitivos.



 



Resposta: [D]



Minutagem: (00:54:42 – 01:00:28)   



B)(Enem - 2016) No aniversário do primeiro decênio da Marcha sobre Roma, em outubro de 1932, Mussolini irá inaugurar sua Via dell Impero; a nova Via Sacra do Fascismo, ornada com estátuas de César, Augusto, Trajano, servirá ao culto do antigo e à glória do Império Romano e de espaço comemorativo do ufanismo italiano. Às sombras do passado recriado ergue-se a nova Roma, que pode vangloriar-se e celebrar seus imperadores e homens fortes; seus grandes poetas e apólogos como Horácio e Virgílio.



 



SILVA, G. História antiga e usos do passado um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy. São Paulo: Annablume, 2007 (adaptado).



 



A retomada da Antiguidade clássica pela perspectiva do patrimônio cultural foi realizada com o objetivo de



 



a) afirmar o ideário cristão para reconquistar a grandeza perdida.



b) utilizar os vestígios restaurados para justificar o regime político.



c) difundir os saberes ancestrais para moralizar os costumes sociais.



d) refazer o urbanismo clássico para favorecer a participação política.



e) recompor a organização republicana para fortalecer a administração estatal.



 



 Resposta: [B]



 



Minutagem: (01:07:08 – 01:11:20)   



C)(Uerj - 2013) O direito ao solo e à terra pode se tornar um dever quando um grande povo, por falta de extensão, parece destinado à ruína. Ou a Alemanha será uma potência mundial ou então não será. Mas, para se tornar uma potência mundial, ela precisa dessa grandeza territorial que lhe dará na atualidade a importância necessária e que dará a seus cidadãos os meios para existir. O próprio destino parece querer nos apontar o caminho. Adolf Hitler. 



 



Minha luta, 1925. Adaptado de FERREIRA, Marieta de M. e outros. História em curso: da Antiguidade à globalização. São Paulo: Editora do Brasil; Rio de Janeiro: FGV, 2008.



 



As ideias contidas no projeto político do nazismo buscavam solucionar os problemas enfrentados pela Alemanha após o fim da Primeira Guerra Mundial.

 

Uma dessas ideias, abordada no texto, está associada ao conceito de:



 



a) xenofobia



b) espaço vital



c) purificação racial



d) revanchismo militar



 



Resposta: [B]



Utilizou este filme em suas aulas?
Relate sua experiência!

Relatos de Professores (0)